domingo, 16 de abril de 2017

Vamos adotar a simplicidade como caminho?

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Vamos adotar a simplicidade como caminho?

Algumas transcrições da palestra de Jorge Mello (monge zen budista) no TED/ Pelourinho-BA



       A simplicidade não é o oposto da complexidade. Na verdade, ela é irmã da complexidade. É uma característica da vida. É o antídoto e o oposto da complicação. São coisas diferentes.

       Nós seres humanos sofremos de uma síndrome progressiva, contagiosa, e hoje no mundo é endêmica: compliquite complicosa. Está enraizada na vida humana moderna. Queremos sempre buscar o difícil e o complicado. As coisas devem ser sempre complicadas, e isso não é bom.

       A primeira coisa que descobrimos quando adotamos a simplicidade em nossa vida é que a vida é maravilhosa. É quando não controlamos a vida. Quando optamos pela simplicidade a vida oferece-nos mais: saúde, liberdade de opção, contentamento, sentido, enfim, alegria por simplesmente estar vivo. Não significa viver sem infelicidades, problemas e circunstâncias adversas, entretanto.

       O que importa na vida não tem preço, tem valor. Uma vida simples oferece mais sentido.
Tirar o se e o quando antes de adotar a simplicidade como direcionadora de vida.

       Vamos modificar aquilo em que podemos interferir: nós mesmos. Vamos lá?

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Energia: Respirar consciente e lentamente. Nós delegamos o poder da nossa vida a algo que não está sob nosso controle. Precisamos nos nutrir de melhor forma. Comer menos: é bom para nosso organismo, para o meio ambiente e para nosso bolso.

Movimento: Em regra geral, faça. Caminhe ou ande de bicicleta ao invés de outros meios, sempre que possível. Pausas são parte da vida. Nosso coração faz pausas. A natureza faz pausas. Entretanto, nossa cultura criou essa ideia de que não podemos ter pausa, devemos sempre fazer algo. Na natureza nada funciona assim. Quando desarmonizamo-nos desse ritmo, a nossa vida torna-se imensamente complicada. 

Cultura/Educação- Vivemos uma monocultura, que tem uma ciência como primaz, a economia. Não é ofensa chamar alguém de desonesto, mas é chamá-lo de mal-sucedido. Se pensarmos em pensadores que estruturaram essa visão de mundo, encontramos filósofos como Turô, que diz: “ A grande maioria da humanidade vive em silencioso desespero. E quando isso assume o ar de resignação, então o desespero já é crônico”. Essa cultura que faz com que seres humanos acreditem que não nasceram para ser felizes, que nasceram para produzir mais, para ter mais e para viver cada vez menos é uma cultura que deve ser questionada. E naturalmente um dos fenômenos que nutrem essa cultura é o processo chamado educação, quando legou-se à escola e aos professores toda a educação das pessoas. A educação deve começar e passar a vida inteira pela comunidade, sem isso sistema educacional nenhum no mundo resiste. Precisamos resgatar o poder educacional das comunidades.

Comunicação: A verdadeira violência começa nos fenômenos comunicacionais. Quando tenho necessidades e elas não são atendidas, recorro à violência para que elas sejam atendidas. Isso pode ser instrumentado nas pessoas por um instrumento da cultura e da educação, que é a arte. Enquanto ser humano e enquanto seres da sociedade devemos investir na arte. Ela traz a dimensão de que vamos além dessa limitação de que tudo deve ser explicado, que tudo nesse mundo é linear e que apenas a cultura cognitiva, intelectual e racional pode beneficiar o ser humano. Nesse nível precisamos nos entregar, perder o controle, apenas viver uma experiência estética e não ascéticaa de abrir mão de coisas. A vida simples não nos pede para abrir mão de coisas, mas pede para desejar mais qualidade, logicamente em detrimento da quantidade. Qualidade, e não números.

Relações Interpessoais – As relações surgem de forma simultânea e interdependente. Lembremos sempre que nós fazemos parte dessas relações, portanto a nossa responsabilidade nelas.

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       Há a necessidade de formar a massa crítica, que é um grupo de pessoas que faz a diferença, ou seja, cada um de nós que comprometa-se de alguma forma com a qualidade de vida efetiva, que não tem nada a ver com condição de vida. A pessoa que compromete-se no sentido de realmente assumir a sua vida, examiná-la, e fazer mudanças significativas no termo da qualidade. Não importe-se com coisas grandiosas, pois o importante é dar pequenos passos com motivação grandiosa. Quando tempos uma grande motivação, não importa o tamanho da obra, ela inspirará, ela transformará a realidade onde nós estamos e muito além, onde nem percebemos.


       Não precisamos de nenhum misticismo para transformar a realidade. Não precisamos de heróis e de heroínas, precisamos de reais seres humanos. 

Para ver o vídeo, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=BjZ52Mlo9Fo

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Anotações enquanto meu pai está internado no hospital

O dia não raia

( Texto escrito em 13/11/2008 , por volta de 00h08min, na enfermaria do pronto-socorro do Hospital Walfredo Gurgel, enquanto acompanhava meu pai - que estava internado)

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       Eis que o dia năo raia. 


       Nesta insólita 01:30h da madrugada, em que a lâmpada é apagada, sondo as sombras das quais têm sido feitos esses dias últimos. A luz sequer está no fim do canal. Pode ser que esteja difusa. Eu năo a pressinto, mas muito a desejo. 



       Dez dias de escuridăo. O entorno năo oferece consolo. Um corredor de sofrimento à direita, outro à esquerda. Meu pai é lançado nesse vai e vem como uma marionete, cujo substrato é um monte de retalhos e espumas.



       Caminho pelos corredores como uma errante a procurar os próprios caminhos, a luz que esconde-se em cada esquina ou por trás de tantas cancelas.



       Procuro por năo sei mais o quę. Quem sabe năo encontre uma faísca acesa da paciência que perdi nesse bosque de sobeja perdiçăo?


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       Tantas pessoas. Pouco sentimento. O zelo do maior cuidado só existe entre os acompanhantes que tutoram atenciosamente seus entes queridos. Entre a maioria dos profissionais (poderiam ser assim chamados?) da saúde isso é um raro achado.

       As pessoas que por obrigaçăo devem exercer o ofício vestidas de branco, e por isso assemelham-se a anjos, contraditoriamente săo indiferentes a urros de dor, ao desespero, a lágrimas fabricadas pela incontinente desesperança.



       Nesse lugar onde tudo falta – copos, seringas, coletores de urina-, falta também o substancial. Falta profissionalismo. Falta respeito. Falta, sobretudo, amor.



       Se a dignidade năo for senhora absoluta de algum caráter, ela certamente é a primeira que esvai-se. E se ela vai embora, é o fim da criatura. Fica somente a sombra. Um magma de merda, como já foi escrito aqui antes.


       

       Almejo que o dia raie. Que a aurora floresça linda, fazendo-me ver cheiros multicoloridos, tocar visőes que acalantam, cheirar cançőes que enlevam o espírito...Enfim, ver as coisas ficarem como sempre foram. Se bem que a lágrima que agora rompe esta folha mostra que nada é imutável. Sofri um tombo no caminho escuro. A ida de minha avó interrompeu uma existência alegre, enérgica, jovial. Ela é a minha princesa elétrica. Nada fácil...


       Quem caiu de pára-quedas nessa selva deve ser mais forte do que a dor. Desdobrar-se e tripudiar dela, amassá-la e depois jogá-la com desprezo no bolso, senăo, sucumbe com o enfermo.



       Decerto que lá fora botőes de rosa florescem, trabalhadores da madrugada exercem seus labores, animados procuram agitaçăo, animais e homens entram na moita para acasalar e tudo o mais segue a sua normalidade até o amanhecer. Daqui a pouco é dia, mas aqui ele năo parece raiar. O sol năo foi pródigo em iluminar o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, essa selva perigosa e muito, muito, mas muito inabitável.



       De quem acompanha o pai convalescer na selva inóspita que é o HMWG.


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Obs.: Foram quase dois meses de internação. Meu pai recebeu alta no dia do seu aniversário: 19-12-2008. Glória a Deus!!!


Quinteto de Amor ao Militarismo

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Militar?
Limitar.
Mitigar.
Vomitar.
Arr! 


(de quem já regurjitou)






Denise Araújo Correia
Em 05/06/2008

Sobre homens de meia-idade

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Homens de Total Idade       



 (Obs.: Texto escrito em 14-08-2008 e recuperado da internet. Publicado no www.substantivoplural.com.br)

     
        O poeta Paulo Benz ensaiou um constructo e tratou com leveza um assunto às vezes preterido, às vezez posto à tona: homens de meia-idade. Ainda que tendo um cunho marcadamente idiossincrático, achei que o texto acaba emergindo de uma boa parte do sentimento mais geral. 


       Todavia, mesmo com todos os esclarecimentos de Benz, a pergunta ecoa: Homens de meia-idade? Creio que não. Pressinto que o mais correto seria homens de “total-idade”, e não pela pretensa “totalidade”, mas justamente pela fusão do ser que abarca experiência e a espera de um devir se não profuso, mas substancial, porque curto. 



       Olha, mesmo sabendo que serei muito subjetiva, expresso aqui um apanhadozinho do que pensam minhas amigas, algumas moçoilas de vinte e poucos anos e que passam mal ao ver os tais homens de meia... Rs. Homens mais jovens dificilmente - não contem com a fresca e rósea aparência - têm algum substancial atrativo que tome a mulher não apenas em seus extintos, mas em seus entendimentos. O máximo que conseguem é evidenciar um físico mais salutar, harmonioso, desejável. São meros mancebos. Os homens mais velhos, ao contrário, atraem não pelo que aparentam ou realmente são, mas pelo prolongamento disso, pela abstração, pela esperança de maturidade e sensibilidade que a pele rugada, o olhar seguro e os fios brancos guardam. Esperamos mais de quem tem mais idade. A lógica é essa. Simples assim. Quem está nessa faixa etária não se ufane muito, pois muito do que nós mulheres amamos em vocês, pode ser mera fantasia, não nego.



Outro motivo é que parece haver uma maturidade precoce e natural das mulheres, o que nos leva a procurar alguém equivalente, que no caso do homem corresponderia sempre a um mais velho. Perceber certas garotas ensaiarem ofícios de mulher (seja no trabalho, nas relações inter-sociais, nos namoros, nas decisões importantes) em plena adolescência, não parece feito difícil. No outro sexo, isso é mais rarefeito. 



Certa feita, uma amiga psicóloga (da linha psicanalítica) mencionou-me sobre uma teoria defendida por Freud, a de que a mulher sempre procura no seu parceiro características físicas, psicológicas e comportamentais do pai. De pronto eu questionei. Acho que discordei também. Levantei o caso de meninas que não têm uma boa relação com os pais, que os consideram verdadeiros antiexemplos. Ela contra-argumentou dizendo que estas procuram no companheiro aquilo que o pai não foi, ou seja, continuam procurando pelo pai, mesmo às avessas.



       Feita a digressão, volto ao texto de Paulo Benz no ponto em que ele comenta uma campanha televisiva encenada por Chico Anysio. Não recordo de tal momento e não sei de seu teor, mas pelas dicas que deu sobre a temática, relacionei instantaneamente a um pequeno texto do Charles Chaplin, que reflete sobre essa gênese bem particular, a de começar da velhice. Transcrevo:



“A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o  verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar  novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando….E  termina tudo com um ótimo orgasmo!!! Não seria perfeito?”



       Pode até ser que o tal texto global tenha a autoria de Chico Anysio, mas tenho enorme prazer e contentamento em brindar e encerrar minha opinião com um texto de Charles Chaplin, que também foi um grande pensador e poeta.

Amor entre cachorro e dono é o mesmo que entre mãe e filho, segundo pesquisa japonesa

            Você tem um animal de estimação? Já olhou profundamente nos olhinhos dele e sentiu-se derretido? Teve a impressão de que er...